“Nunca imaginei que o filho de uma lavadeira chegaria a defender o mestrado na Universidade Federal de Ouro Preto!”. Essa foi a fala emocionada do Raphael Silva agora em março, ao receber o título de mestre após ser aprovado por unanimidade pela banca de professores. Ele é Funcionário do Serviço Autônomo de Saneamento Básico de Itabirito. Através da sua pesquisa, ele fez “Estudos para Simulação da Qualidade da Água no Alto Curso Rio das Velhas: Rio Itabirito”.
A proposta do trabalho foi fazer uma caracterização geoeconômica da bacia, que possui relevante importância sócio ambiental por estar situada no alto rio das Velhas, responsável por boa parte do abastecimento de água da Região Metropolitana de Belo Horizonte.
Além da caracterização geográfica, a investigação cuidou de levantar o histórico de 20 anos sobre o Índice de Qualidade da Agua e de pluviosidade, além de pesquisar como as atividades antrópicas contribuem, ao longo dos anos, para a degradação da qualidade da água. O estudo levanta algumas características do rio, permitindo compreender a dinâmica aquática do mesmo e de seus principais tributários, como fenômeno de autodepuração, desoxigenação e reaeração superficial em função das características morfológicas e topográficas da bacia.
Estudos como esse podem auxiliar o SAAE na tomada de decisões e na elaboração de instrumentos jurídicos. Auxilia ainda na criação de novas tecnologias com o intuito de mitigar os impactos ambientais na qualidade da água da bacia. Além disso, favorece a simulação da qualidade da água para compreender hipotéticos cenários.
O prof. dr. Aníbal da Fonseca Santiago, que orientou Raphael, ressalta a importância do seu trabalho: “A parceria entre a UFOP e o SAAE para este estudo no rio Itabirito foi muito relevante para o desenvolvimento regional. Os pesquisadores e técnicos trabalharam juntos para definir plano de amostragem e de análises da qualidade das águas. Esse estudo terá consequências práticas, na medida em que poderá subsidiar o gerenciamento dos recursos hídricos do município, bem como a fiscalização de possíveis cargas poluidoras”. O professor ressalta que é uma experiência interessante para todos: “Ganha o Município, porque melhorou a base de dados sobre a qualidade das águas de seus rios e córregos; ganha o SAAE, porque melhorou a formação da sua equipe técnica; e ganha a UFOP, porque cumpriu seu papel de contribuição para o conhecimento e para a formação qualificada de recursos humanos”.
